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Re.Pouso

 

"De um exílio passado entre a montanha e a ilha
Vendo o não ser da rocha e a extensão da praia.
De um esperar contínuo de navios e quilhas
revendo a morte e o nascimento de umas vagas.
De assim tocar as coisas minuciosa e lenta
e nem mesmo na dor chegar a compreendê-las.
De saber o cavalo na montanha.

E reclusa traduzir a dimensão aérea do seu flanco.
De amar como quem morre o que se fez poeta
E entender tão pouco seu corpo sob a pedra.
E de ter visto um dia uma criança velha
Cantando uma canção, desesperando,
É que não sei de mim.

Corpo de terra."

 

Passeio - 20, Hilda Hilst


 

Re.Pouso é um micro-conto fotográfico sobre um corpo materno desalojado. A instabilidade de não se pertencer, não habitar-se. O corpo-mãe, que nutre, cuida, em contraponto a um corpo-mulher intocável, indesejável, solitário. RePouso é uma carta para um corpo que deseja o desejo apesar do desamor.

 

É marca, vazio, fluido, sangue, secura.

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